A virtualização das relações sociais

UC: Educação e Sociedade em Rede [ESR]  1º semestre

Vivemos numa época em que cada vez mais um maior número de pessoas tem acesso às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) e às redes sociais, o que tem originado alterações nas nossas relações sociais. 
A virtualização das relações sociais
Atualmente, encontramo-nos com os nossos amigos através das redes sociais baseadas na Web, o que há alguns anos acontecia nos espaços físicos como os cafés, as festas de amigos, etc. 

As NTIC possibilitam um contacto em tempo real ultrapassando as barreiras temporais e físicas e, com emergências das redes sociais, surgem novos tipos de relações virtuais. Estamos assim a vivenciar uma virtualização das relações sociais. 



O ciberespaço assume-se cada vez mais como um espaço de sociabilização da nossa sociedade onde construímos a nossa cibercultura que, como especifica Pierre Lévy, é o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (Lévy, 1999, p.17). 



A revolução tecnológica, segundo Baudrillard (1981), está a fazer evoluir a nossa sociedade para uma vivência no “ecrã”, local onde tudo é possível e pode acontecer e onde não há distância nem espaço físico. “O Real já não é o que era” (Baudrillard, 1981, p. 14) 
O Facebook, por exemplo, é um dos expoentes máximos da nossa vivência no ciberespaço, ao nível da aprendizagem, do entretenimento, da comunicação e da própria socialização. 

Mas, a utilização do ciberespaço também tem trazido os seus perigos para a ordem do dia. Se as relações entre pessoas no mundo físico já são complexas e problemáticas é espectável que o mundo virtual também tenha os seus inconvenientes. 

O mundo real e o virtual completam-se e ambos fazem parte da nossa vida, o que nos obriga a questionar como devemos sobreviver nestes dois mundos. Os nossos comportamentos e atitudes devem-se adaptar às especificidades de cada espaço. 
Por exemplo, a criação de perfis falsos nas redes sociais, a sua utilização por parte de pessoas a “mostrarem” aquilo que não são, a apropriação dos perfis de terceiros, entre outras situações, conduz-nos para as questões da autenticidade nas redes sociais. 

Hoje em dia, qualquer um de nós pode partilhar informações na rede, o que muitas vezes coloca questões de credibilidade sobre os conteúdos disponíveis. 

Ser transparente e autêntico implica possuir uma responsabilidade social e cívica que se reflete na utilização das redes sociais. 
Isto requer um espírito de seleção e pesquisa para determinar o grau de autenticidade da informação que encontrámos para não corrermos os riscos de estarmos a tirar conclusões erradas sobre um determinado assunto. 

Quando falamos da transparência e da autenticidade estamos a falar de problemas relacionados com plágio, fraude, más práticas de utilização, duplicidade e autenticidade do individuo na rede e ainda a falta de controlo. 

A virtualização das nossas relações sociais coloca também em questão o que é público e que é privado. O que nos obriga a ter uma maior consistência sobre as implicações nas nossas partilhas nas redes sociais e consequências que estas podem ter. É que agora as nossas participações vão mais além do que o nosso espaço físico, amplificam-se e podem ser retransmitidas noutros contextos e ganhem uma outra dimensão. 

Formamos uma geração marcadamente digital, numa sociedade em rede “onde tudo é passageiro, efémero e muda de forma rápida, sob a menor pressão” (Koehle e Carvalho. 2013. pag. 281) sendo o conceito de privacidade e público conceitos que se alteram com o tempo. 
Esta dinâmica também se observa em fenómenos de popularidade como dos “Chinese Boys”, que em determinados momentos “explodem” nas redes sociais sendo amplificados e replicados massivamente mas rapidamente passam de “moda” e são ignorados para lhe sucederem outro tipo de mensagem. 
No entanto, não podemos concentrar-nos apenas para os problemas/perigos. Deveremos focar-nos acima de tudo nos enormes benefícios que a rede trás às várias dimensões da nossa vida, trabalharmos para ter o discernimento para que a transparência e a autenticidade sejam cada vez mais efetivas. 


Conclusão & reflexão pessoal 

As utilização das NTIC têm, necessariamente, um efeito sobre a dimensão social das nossas vidas porque “ a tecnologia não é boa nem má e também não é neutra” Castells (2003, p.94) o que quer dizer que a tecnologia não é um sistema fechado mas evolui para uma rede adaptável, abrangente e aberta que transforma a nossa relação com o mundo. 

A virtualização das relações sociais é uma consequência da nossa vivência como integrantes de uma sociedade em rede, globalizada, centrada no uso da informação e do conhecimento. 



Bibliografia e referências: 

  • Lévy, P. (1999). Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo - Brasil. Editora 34. 
  • Baudrillard, J. (1981) Simulacros e Simulação. Lisboa: Relógio d’Água. 
  • Castells, M. (2011). A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol. 1, 4ª Edição. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 
  • Koehle, Cristiane e Carvalho, Marie Jane Soares (2013). O público e o privado nas redes sociais. Revista Espaço Pedagógico. v. 20, n. 2, Passo Fundo, p. 275-285. Disponível em http://www.upf.br/seer/index.php/rep/article/viewFile/3555/2356. Consultado em 05-01-2014 
Textos e informações relevantes para o tema encontradas durante as pesquisas efetuadas durante a 1ª fase da atividade